O número de mortes por tuberculose preocupa as autoridades. O país já encomendou medicamentos urgentes para tratar a doença. Os especialistas estão preocupados com as muitas pessoas que abandonam o tratamento.
O País tem medicamentos e laboratórios para tratar a tuberculose, mas a doença é atualmente a terceira maior causa de mortalidade no país. O alerta é de Vita Vemba, consultor do Programa de Controlo, Prevenção e Combate à Tuberculose.
“Ela nunca ocupou esse lugar no passado. Já esteve em décimo lugar, mas rapidamente está a galgar essa supremacia na mortalidade dos angolanos”, afirmou Vemba que defende ainda mais ações e intervenções em relação a tuberculose.
Recentemente o executivo deu “luz verde” à compra urgente de fármacos para tratar a doença. E, insiste Vita Vemba, há “laboratórios suficientes” para o diagnóstico e as condições necessárias para os pacientes.
“Hoje temos laboratórios de baciloscopia em vários centros de saúde. Com Unidades de Tratamento (UT) e Unidades de Diagnóstico e Tratamento (UDT) conseguimos tratar os pacientes junto à sua zona de residência, evitando que percorram longas distâncias para encontrar tratamento adequado”, disse.
Mesmo assim, Angola é um dos 30 países do mundo com mais casos de tuberculose. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o país registou 325 casos por 100 mil habitantes, em 2021. Estima-se 51 mortes por 100 mil habitantes.
Na última década, tem havido uma tendência decrescente de casos, mas, segundo Margareth António, do Departamento de Informação, Educação e Comunicação do Ministério da Saúde, ainda há muita gente a abandonar o tratamento antes do tempo.
“A taxa de abandono do tratamento foi de 17%.”
No ano passado, só na província do Kwanza Sul, houve 273 casos de abandono do tratamento, num total de 4.667 casos registados de tuberculose. E uma taxa de abandono de 5%. É preocupante, afirma a chefe do Departamento de Saúde Pública, Tatiana Lunga.
“Porque sabemos que a tuberculose é uma doença oportunista, que afeta pessoas com sistema imunológico [em baixo], que já possuem outras doenças como o HIV/SIDA e outras”, explicou Lunga.
De acordo ainda com a chefe do Departamento de Saúde Pública de Angola, as causas do abandono prendem-se com os doentes de baixa renda, que não têm uma alimentação equilibrada, “porque os medicamentos são muito fortes e, sem alimentação, desistem do tratamento.”